Planejamento da safra 2017/18 – Por onde começar

Ugues Wagner Magalhães Junior

Consultor sênior de Gestão e Finanças/MPrado Consultoria

Um dos maiores motivos de se planejar com antecedência, além de identificar o plano orçamentário e os custos, é trabalhar de forma proativa os imprevistos que podem acontecer durante a safra.

O planejamento nos faz pensar de forma estruturada, buscando maior assertividade, ou seja, em uma escala de 0 a 10, significa estarmos entre o 07 e o 10.Quando não planejamos, apenas reagimos aos eventos e não utilizamos todas as informações disponíveis para tomar a decisão mais apropriada, esquecendo o impacto que uma ação mal formulada pode causar.

Cito como exemplo um produtor que resolveu plantar uma área maior de cebolas num ano de clima favorável, acreditando que sua estrutura e o mercado absorveriam sua oferta. O resultado disso foi desastroso, pois ele não previu em seu estoque empilhamento vertical, vendas que não deram certo e uma oferta maior de seus concorrentes, o que fez com que ele perdesse parte de seu produto no pátio da empresa por dificuldades de armazenar, o que também refletiu na qualidade do seu produto em função de armazenamento inadequado, além de queda no preço em função disso.

Ao planejar, identificamos o valor exato do investimento, os períodos de compras, o fluxo de caixa adequado, as datas das atividades e as receitas previstas.

Decisões na preparação da safra

O número de variáveis que o produtor rural precisa trabalhar nos dias atuais é muito grande e exige muita atenção e controle. Cito abaixo alguns, mas além de identificar quais são as decisões, é preciso saber como medir a avaliá-las para entender o momento certo de definir o que fazer. Assim temos:

ðDefinição do tamanho da área – georreferenciamento dos talhões, sequeiro, pivô;

ðCulturas – soja, milho, feijão, trigo, sorgo e, ou milheto;

ðCultivares, híbridos – precoce, intermediário, tardio, com resistência ao herbicida glifosato, transgênico, convencional;

ðTratamento de sementes – on farm, do distribuidor;

ðNúmero desafras do ciclo – verão, safrinha;

ðEntender a fisiologia do solo – agricultura de precisão, nutrição, existência de nematoides, correção do solo;

ðDimensionamento de maquinário – tamanho e quantidade, tratores, plantadeiras, pulverizador, colheitadeira;

ðTerceirização de etapas do processo;

ðFormas de adubação e correção do solo – à lanço, jato dirigido na linha, via plantadeira;

ðNutrição – solo, plantas, agentes foliares;

ðManejo integrado de pragas – tecnologia digital, satélite, refúgio, utilização de biológicos;

ðPlanejamento das atividades – custo, materiais utilizados, horas-máquinas, alocação de mãodeobra, insumos, número de atividades;

ðFluxo de caixa;

ðPlano orçamentário;

ðIndicadores de resultado;

ðComparativos – orçado xrealizado;

ðControles operacionais – estoque, horímetros das máquinas, combustível.

O planejamento de safra garante maior lucratividade - Crédito Case IH

Sem erro

O principal erro é não realizar um planejamento adequado, com ferramentas financeiras, de mercado, custos e operacionais.O produtor geralmente fecha números absolutos em função dos custos dos insumos por hectare, e ao trabalhar apenas números absolutos esquece que as variáveis são muito maiores que apenas o custo do hectare.

Como exemplo, temos:

ðNão faz o fluxo de caixa e não avalia corretamente todos os desembolsos para os períodos entre o plantio e a colheita, e em alguns casos faz financiamentos com taxas não muito atrativas para cobrir contas não previstas ou ao iniciar a colheita pode vender a safra a um preço de saca que não é o ideal de mercado.

ðInveste em agricultura de precisão e aplica taxa média. Quando ele faz isso, deixa de usufruir dos investimentos em agricultura de precisão e ainda incorre em custos para aplicação de insumos desnecessários, por exemplo, colocando produtos onde não precisa e/ou produtos com quantidades inferiores às necessidades do solo.

ðAcredita que entende todas as regras de comercialização, mas deixa de vender parte da safra para pelo menos garantir os custos da produção quando os preços são muito favoráveis, acreditando que irão aumentar mais, e no final acaba vendendo suas sacas a preços bem menores que os ofertados.

Compra antecipada de insumos

Hoje muitas empresas, seja por venda direta (multinacionais) ou revendas de insumos, buscam ofertar preços muito interessantes aos produtores antes do início da safra, numa guerra muito grande por mercado.

Alguns produtores já entenderam isso e fazem as compras da maioria ou totalidade dos insumos com antecedência.Um ponto a ser avaliado é que os insumos sofrem variações de mercado em função de muitos serem orientados pelo dólar.

Assim, os produtores precisam ficar atentos a este detalhe e buscar apoio em empresas de consultoria ou revendas que ofereçam esse suporte, entendendo o melhor momento de fechar as compras e trabalhar com as oscilações do mercado, e assim não ter surpresas indesejadas com as flutuações cambiais.

 

FONTE: http://www.revistacampoenegocios.com.br/planejamento-da-safra-201718-por-onde-comecar/